Nariz do Frade

Quando se fala em “Verruga do Frade”, muita gente só lembra da pedrinha equilibrada no topo de uma montanha na Serra dos Órgãos. Mas, para “justificar” o nome, são necessárias outras três formações rochosas: O Capucho, o Nariz e o Queixo. Vistas na vertical, essas montanhas lembram o rosto de um homem velho, apontado à época do “batizado” como um frade. Na coluna especial de hoje, saiba como chegar ao cume de cada uma delas, todas acessadas em parte pela trilha da Pedra do Sino.

Pelo caminho mais freqüentado do Parna-SO, deve-se seguir até cerca de cinco minutos depois da Cachoeira Véu da Noiva. A entrada para a Travessia da Neblina, que passa por quase todo Frade, fica à esquerda em um local onde ainda existe um cano de ferro no chão, material que levava água até o antigo Abrigo 2. Porém, para acessar a Neblina é necessário ter um guia ou estar acompanhado de alguém que conheça o caminho, pois ele não é tão óbvio quanto a trilha do Sino... Pontos em erosão, cursos de água e uma “pegadinha” onde se passa de um local quase plano para uma subida íngreme. Quem não conhece acaba passando direto e seguindo um falso trilho, que de repente desaparece.

O Capucho

Ele é o primeiro da formação e também visto como a “testa”. Para quem já conhece, a dica é seguir até bem próximo ao Paredão Roy-Roy, pegando a esquerda. Logo de cara, uma descida muito íngreme e vários pontos de erosão, exigindo bastante atenção. Muitas bromélias e vegetação diferente da encontrada por quem vai para o Sino, por exemplo, devido a umidade. Com cerca de quinze minutos de caminhada, fica-se embaixo do Nariz, visto de um ângulo bastante diferente e onde existem algumas vias de escaladas, entre elas o Paredão Alternativo (4º IV), de Mozart Catão e Alexandre Oliveira.

Pouco mais de 20 minutos dentro da mata, até encontrar uma parede. Ali, deve-se subir pela direita até um novo plano e pegar a esquerda, chegando a um pequeno pedaço de cabo de aço. Ele é o sinal de que o cume está bem próximo, com cerca de três horas e quatro quilômetros de caminhada. Quase todo encoberto por vegetação, o ponto não é bem identificado visualmente. E, talvez por isso, seja pouco visitado. A altitude é de 1.740 metros.

O Nariz e a Verruga

Passando pelo Roy-Roy, o acesso leva até a base da grande chaminé do Nariz do Frade. Aproximadamente 40 metros de escalada até um confortável platô e depois se entra na fenda novamente, saindo em um buraco bem no meio do cume. A fenda por onde se sobe atualmente, um terceiro grau, foi desbravada em 1973 por Cláudio Fontenele, Eugênio Epprecht, Jean Pierre e Marcelo Werneck.

Mas o caminho da conquista foi outro, bem no fundo, utilizando-se de troncos entalados e outros artifícios para progredir chaminé acima. Os conquistadores são Miguel Inácio Jorge, Luiz Gonçalves, Arlindo Mota, Antônio Godoy, Andral Povoa, Américo de Oliveira e Alcides Carvalho, que também foram os primeiros a subir na Verruga, a “pedrinha” de 14 metros de altura. A ascensão levou dois dias. O grupo partiu dia 22 de julho de 1933, chegando ao cume às 15h do dia 24, voltando do pico na manhã seguinte.

Mesmo com a técnica aplicada atualmente, a chaminé tem trechos bem apertados e não é fácil de ser vencida. Muitos são os que desistem quando se deparam com o entalamento ou percebem que os grampos para proteção não são tão próximos. Além dessas duas vias, e o Paredão Alternativo, citado acima, na parte externa da montanha fica a Face Nordeste (A2C), também de 1973, mas de autoria de José Garrido, José Roberto, Waldemar Guimarães e Waldinar dos Santos. A altitude do cume é de 1920 metros.

O Queixo

Dos três, é o mais fácil de ser acessado. Pode se chegar ao cume, a 1.960 metros de altitude, continuando a caminhada que passa pelo Nariz do Frade. Ou, para os menos experientes, por cima. Pela trilha do Sino, a entrada fica logo após a Cota 2000, pegando uma pequena descida e depois subindo até o cume da Pedra da Cruz (1.960m). Depois, a dica é continuar descendo, em trilha que algumas vezes fica próxima ao abismo para o enorme vale no lado direito, por onde descem as nascentes que compõem o nosso rio Paquequer. No Queixo, o montanhista fica de frente para a grande fenda da chaminé do Nariz e de onde a Verruguinha parece realmente “equilibrista”.